quarta-feira, 29 de julho de 2009

2015: A sociedade com que sonhamos


Os nossos pais e avós viveram num sistema societário assente numa ética de sacrifício. Os nossos irmãos mais velhos viviam para o sucesso e para a competição egoísta. Os dois modelos fracassaram!O dos nossos pais e avós porque o sacrifício não traz verdadeira felicidade e castra a autonomia das pessoas sob o jugo de um Estado paternalista ou de oligarquia corporativa auto-perpetuante. No dos nossos irmãos mais velhos o egoísmo da suposta meritocracia, pervertida pelos abusos do mercado isolou uns, marginalizou outros, ampliando, assim, as desigualdades sociais. Ambos conduziram a uma sociedade que, ainda que com crescimento económico, se mostrou desequilibrada, injusta e económica e socialmente sub-óptima.No dos nossos irmãos mais velhos o egoísmo da suposta meritocracia, pervertida pelos abusos do mercado isolou uns, marginalizou outros, ampliando, assim, as desigualdades sociais.Acredito que em 2015 viveremos numa sociedade com um modelo distinto, assente num novo quadro de valores, centrado no propósito essencial de garantir o bem-estar global, universal e inter-geracional.Ao contrário do modelo de sociedade actualmente vigente no qual o princípio basilar é a competição desensenfreada e cega, ou o modelo anterior, no qual pontificava a ética do sacrifício, o modelo de sociedade com que sonho para 2015 deverá ser construído num regime de cooperação suportado simultaneamente na responsabilidade e autonomia. A cooperação, a autonomia e a responsabilidade são estes os vértices de uma nova Nova Narrativa Social que cumpre instaurar.A cooperação é um sistema de organização e interacção social e produção económica que se mostra capaz de juntar o melhor dos sistemas igualitários e de competição, permitindo, conforme já vários casos tem demonstrado, realizar uma sociedade com mais eficiência económica, justiça social, autonomia cívica e cultural.A autonomia concretiza-se em igualdade de oportunidades, numa cultura crítica e democrática, uma democracia real e liberdade de iniciativa e de organização das pessoas e dos grupos.A responsabilidade envolve deveres para o próprio e para com os outros, num equilíbrio permanente entre solidariedade e exigência. A implementação do novo modelo de sociedade exige aos políticos uma Nova Atitude. A política terá de ser norteada por regras de transparência, publicidade e avaliação consequente, sendo a qualidade, mérito, credibilidade e competência considerados pressupostos para intervenção pública e não, como actualmente, qualidades em vias de extinção.Os intervenientes na acção política terão como prioridades as reais preocupações, anseios e desafios do país, ao invés do que hoje sucede, verificando-se um desajustamento preocupante entre o seu discurso e o que sentem os cidadãos.Os portugueses participarão na construção das alternativas politicas forma livre, aberta e transparente, coincidindo assim o discurso político com as reais necessidades sentidas pelos portugueses.É esta a sociedade com que sonho!


Artigo de Pedro Rodrigues publicado no Semanário Económico

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