domingo, 12 de abril de 2009

Onde está a tua ACESSIBILIDADE Guarda? (carta de um desabafo que envergonha todos os guardenses, ou devia…)

Um dia de sol…boa disposição…família e amigos reunidos…convívio…como bons portugueses, tudo isto leva à procura de uma boa refeição para prolongar o convívio. Na nossa cidade, dada a oferta que temos a nível da restauração, teríamos imensas opções de escolha, orientando a nossa escolha pelo nosso apetite e/ou pelo preço das refeições. Isto se nos movimentarmos pelo nosso pé, pois se estivermos dependentes de uma cadeira de rodas, as nossas escolhas são ponderadas por outras circunstancias, que não são difíceis de prever….a nossa escolha não poderá ser realizada pelo que nos apetece ou não comer, mas sim pelos locais onde possa entrar a cadeira de rodas!! E acreditem que não é tarefa fácil… Nestes tempos em que tanto se fala de igualdade de oportunidades, de globalização, de descentralização, enfim, um sem-fim de conceitos que de teoria não passam, esquecem-se os nossos governantes, que as grandes mudanças só se conseguem com pequenos passos que podem ser dados desde o comum cidadão até a quem tem responsabilidades políticas, sendo estes últimos quem deveria impulsionar esta mudança de mentalidade.
A nós, que felizmente nos deslocamos de forma autónoma, não nos passa pela cabeça o que é, para além de estar dependente de uma cadeira de rodas, não poder frequentar locais que gostaria, devido às infraestruturas não estarem adaptadas.
A descentralização começa, não a nível geográfico, ma sim a nível pessoal/interior. Descentralizarmo-nos da nossa realidade e tentarmos ver que no mundo existem tantas outras realidades diferentes da nossa é uma necessidade. O que para muitos de nós é um momento de descontracção, é neste caso para os deficientes motores, um constrangimento! Esta é uma reflexão baseada numa situação concreta que aconteceu na cidade da Guarda. Acontece na Guarda, e infelizmente, muito por toda a parte, mas se cada um olhar pelo seu “território” será mais fácil realizar a mudança. Desculpem-me a sinceridade, mas a política actualmente implementada não está a olhar devidamente para esta realidade. O slogan “todos diferentes. Todos iguais.” deve ser bem interpretado, pois não nos deveremos querer igualar todos, pois é o facto de sermos todos diferentes que nos torna únicos e insubstituíveis, contudo e como não há bela sem senão, isto de se ser diferente e ser bom, dá trabalho e requer respeito pelas diferenças do outro e adaptação da realidade às necessidades. Não quero com isto uma descriminação positiva relativamente aos deficientes motores, considero que é legítimo eles terem acesso ao mundo como qualquer outro cidadão.

Ainda acredito que as mentalidades mudam e que ainda vamos a tempo de construir um mundo mais justo e uma Guarda mais ACESSIVEL……

Conto com a força da juventude da JOTA para fazer ouvir a minha voz!
AR

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