terça-feira, 9 de março de 2010

Palavra de honra II

Crónicas levezinhas

Ao ler e ouvir as notícias mais recentes relacionadas com a nossa cidade e com o concelho, fui atingida por um pico de curiosidade e recorri ao programa de Candidatura de Joaquim Valente e do PS à Câmara Municipal da Guarda, cujo título Palavra de Honra – contrato com os munícipes, me fez soar sinos na memória (Palavra de Honra – 2005).

Há nesse programa inúmeros compromissos (136 no total) o que me fez recordar o velho adágio “muitos pobres a uma porta, algum há-de ficar sem esmola”!

Num desses pontos, comprometeu-se o então candidato a “Apoiar e dinamizar associações, clubes e colectividades em todas as vertentes desportivas, tendo como prioritária a formação de jovens”.

Ora rezam as notícias veiculadas nos nossos orgãos de comunicação que o NDS se encontra à beira da ruptura por falta de pagamento das verbas atribuídas pela Câmara Municipal.

Na vertente desportiva, ascendem a cerca de 105.000 €! O Sr. Vereador do Pelouro do Desporto avançou com a hipótese de desbloquear 10.000 €, quantia ridiculamente irrisória, adiantando que no clube “houve trabalho desportivo e de formação mas não tanto de gestão”. Parece que a falta de gestão é tão só da autarquia pois, se não paga o que deve a quem deve, é por ter um regulamento de subsídios que não pode honrar!

O NDS é um clube de referência que aposta na formação dos jovens e crianças desde as “escolinhas”. Saliento, a propósito, parte de outro compromisso, o de apoiar” … escolas desportivas de formação”!

No entanto, o Orçamento da Culturguarda sobe para 1.300.000 M euros e é aprovado por maioria, com os votos contra dos dois vereadores do PSD! Toda a gente sabe que o TMG não vive das receitas – se vivesse, estaria mais morto que o Galo do Entrudo! Aliás, as ditas descem 12,9% enquanto das despesas sobem, sobem … Sim, o TMG é uma mais-valia para a Guarda; sim, é um veículo de cultura; sim, a cidade pode e deve afirmar-se nessa vertente! Porém, sim, cada vez há menos público nos espectáculos, sim, a programação tem um leque fechado e pseudo-intelectual; sim, o espectro cultural deve ser alargado, tendo em conta a população do concelho e não 1% dela! Pronto, vá lá, 2%!

Noutro ponto, que a minha já referida curiosidade me levou a desenterrar, foi o “Modernizar os sistemas e circuitos de transportes que sirvam os bairros periféricos e as freguesias”. Só pode ser ironia!

Vivo há 37 anos na Guarda e, tirando os mini-buses que circulam sem placas de circuito, sem paragens assinaladas, com horário praticamente desconhecido, acho que em termos de transportes urbanos “Na frente Ocidental Nada de Novo” (um velho livro da minha juventude, não liguem)!

Aquela modernização prometida sob palavra de honra, foi pedida há muito e apresentada uma proposta “preto no branco” em mapa entregue na Câmara Municipal há … dois anos e meio (Outubro de 2008)!

O Sr. Eng. Joaquim Valente respondeu a uma interpelação, feita a propósito na última sessão da Assembleia Municipal, com um pequeno “show-off” de um projecto de afixação de horários e circuitos. Assim, visto de longe, o design parecia interessante, algo artístico até … Quanto à implementação objectiva, real, imperativa, urgente … não houve resposta.

Meus amigos, que me questionam sobre a resolução do problema, a resposta óbvia é a mesma que me deram: nenhuma!

Outras promessas: “Dinamizar o Parque Urbano do Rio Diz … optimizar o próprio espaço em todas as vertentes …” e fomentar programas de desporto sénior …”. Acho lindo! O pior é que os séniores, na sua maioria, têm de ser transportados para o Parque Urbano para as tais actividades e … não há transportes urbanos no dia-a-dia, quanto mais aos fins-de-semana!

É desagradável depender da família ou dos amigos. Autocarros, minibuses, enfim, alternativas dignas seriam o ponto de partida para a viabilização desses programas desejáveis.
Haja esperança!

Sei que estou a alongar-me. Porém, tenho de realçar a coragem e o esforço dos Madeirenses, face à tragédia que os atingiu! A Lei das Finanças Regionais e o circo gerado à sua volta, nas passadas semanas, aparece-nos agora na sua mesquinhez e no ridículo das ameaças do Sr. Ministro das Finanças!

por: Helena Ravasco

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